O primeiro cigarro me pegou desprevenida. Mal abrira o maço e já havia um isqueiro a queimar meu nariz. Cavalheirismo às favas, a cada cigarro, era obrigada a enfiar as mãos na bolsa (como quem procura um modess) pra tirar, de uma só vez, todos os apetrechos tabagísticos. Um descuido e lá estava o isqueiro, de novo, no meu nariz. Cavalheirismo, M., cavalheirismo, pensava eu. Ainda que me ache perfeitamente capaz de acender um cigarro, de buscar um chope no balcão, de abrir a porta do carro, sorria, conformada (até
pneu eu troco, porra.). Mas, na hora do "ladys first", especialmente naquele lugar lotado, apelei, imperativa, no meu mais refinado carioquês: "Tu é bem maior que eu. Vai na frente e abre caminho".
Acho que acabei dando alguma pista de que estava inconformada com tanto cavalheirismo quando, parada em frente de casa, aguardando que o porteiro do prédio acordasse, às cinco da manhã, ouvi o motor do carro do cavaleiro roncando em disparada.